Toda a pessoa deve ter três caixas para guardar humor: uma caixa grande para o humor mais ou menos barato que a gente gasta na rua com os outros; uma caixa média para o humor que a gente precisa ter quando está sozinho, para perdoares a ti mesma, para rires de ti mesma; por fim, uma caixinha preciosa, muito escondida, para grandes ocasiões. Chamo de grandes ocasiões os momentos perigosos em que estamos cheios de dor ou de vaidade, em que sofremos a tentação de achar que fracassamos ou triunfamos, em que nos sentimos umas drogas ou muito bacanas. Cuidado, Maria, com as grandes ocasiões. Por fim, mais uma palavra de bolso: às vezes uma pessoa se abandona de tal forma ao sofrimento, com uma tal complacência, que tem medo de não poder sair de lá. A dor também tem o seu feitiço, e este se vira contra o enfeitiçado. Por isso Alice, depois de ter chorado um lago, pensava: “Agora serei castigada, afogando-me em minhas próprias lágrimas”. Conclusão: a própria dor deve ter a sua medida: É feio, é imodesto, é vão, é perigoso ultrapassar a fronteira de nossa dor, Maria da Graça. - [PauloMendesCampos]
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010
Explode & Make Up
"Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se não fossem essas já eu teria desistido da vida." - José Saramago
Um dia um cometa caiu do céu. Caiu atrás das montanhas e fez ... luz. Laranja como a fruta, amarela como um um ouro indefinido, belo mas gélido. Explosão gélida? Como um pólo derretendo , atravessada por um vulcão vindo do sul do nada ou do norte do tudo. E como um trovão rasgando o céu como navalha numa carne sem sangue ouvimos um baque seco seguido de um assobio baixo que vai subindo como as trombetas de um Gideão perdido.
Eu recomeço meu reino.
Cydonia acordou do sono sem fim.
Foi quando vi o Thom, o Michael, a Wynona, todos repousando numa lagoa de areia e memórias, esperando amanhecer um dia... Que talvez nunca chegue...
[Foto de Alessandra Orciuch]
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Caracol Caracol Caracol
Eu olho para baixo e não vejo fundo.
Eu olho para cima e não vejo céu.
Eu olho para o lado e não vejo você.
Preso na foto sem céu nem chão.
Quero descer pelo caracol.
Quem sabe voltando, quem sabe pulando.
Eu tenho medo de me sentir normal.
Como se algum dia algo fosse normal.
Pois acordei no meio do sonho.
Não lembro onde começa nem termine.
Era como se já estive lá.
Olhando o aço que não tem mais fim.
Debruçado no concreto.
Ouvindo um helicóptero.
Uma nuvem do lado do prédio onde se dissipam os ecos.
Fecho meus olhos.
dobro os joelhos.
E tento fugir do tempo.
Que me persegue
Como se nada fosse igual o ontem
E lá longe, alguém grita meu nome em vão.
[foto de cátia Pietro]
in the ...
Nós queremos uma boa vida
com olfato para as coisas
A brisa fresca e o céu brilhante
Para suportar meu sofrimento
Eu sou uma fechadura sem chave [...]
"Ashes of American Flags" - Wilco
Eu retomo o que já era meu.
Sua felicidade é uma canção triste, eu sei.
Deja Vu
com olfato para as coisas
A brisa fresca e o céu brilhante
Para suportar meu sofrimento
Eu sou uma fechadura sem chave [...]
"Ashes of American Flags" - Wilco
Eu retomo o que já era meu.
Sua felicidade é uma canção triste, eu sei.
Deja Vu
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